{I}

ASTUCIAS DE NAMORADA

E

UM MELODRAMA EM SANTO THYRSO

{II}

 

{III}

ASTUCIAS

DE

NAMORADA

E

Um melodrama em Santo Thyrso

ORIGINAL

DE

M. PINHEIRO CHAGAS

 

 

 

 

LISBOA
TYPOGRAPHIA PROGRESSO
40—Rua do Alecrim—40
1873

{IV}

 

{V}

PROLOGO

Este livro é um livro de verão. Fez-se para ser lido á sombra de uma arvorecopada, á hora do meio dia, quando póde prestar-se apenas á leitura uma vagaattenção, e quando portanto se querem livros de enredo ligeiro e risonho, quenem resolvam problemas, nem arripiem os nervos.

As Astucias de Namorada estão escriptas ha largo tempo. Asaventuras do seu manuscripto davam assumpto a outro romance; Teem de curioso oser o seu entrecho baseado sobre um facto succedido realmente em Lisboa. Ha dehaver leitores que o taxem de inverosimil, pois saibam que é verdadeiro. Maisuma vez tem razão Boileau

Le vrai peut quelquefois n'etre pas vraisemblable.{VI}

O romance que fecha o volume, e que se intitula Um melodrama em SantoThyrso, ponho-o aqui a titulo de curiosidade archeologica. Foi a minhaestreia no jornalismo. Fundára-se a Gazeta de Portugal. Eu tinhaconhecimento pessoal do seu proprietario, Teixeira de Vasconcellos. Procurei-opara lhe lêr o romance. Elle ia sair.

—Deixe-me vêr alguma coisa que lhe pareça melhor, disse-me elle.

Li-lhe tremendo a scena em que Eduardo descreve as physionomias doslitteratos lisbonenses; Teixeira de Vasconcellos rio-se, e tirou-me das mãos omanuscripto.

Il y a quelque chose lá, continuou elle, isto para estreiabasta. O seu romance ha de ser publicado.

E foi. Estava eu baptisado folhetinista.

Hoje, relendo o romance, sorrio-me das ingenuidades do principiante, e, paraconseguir desculpa do leitor, vejo que não tenho remedio senão dizer-lheretrospectivamente com Alfredo de Musset

Surtout considérez, illustres seigneuries
Comme l'auteur est jeune, et c'est son premier pas.

PINHEIRO CHAGAS{1}

ASTUCIAS DE NAMORADA

I

Havia baile, ou antes sarau dançante, n'uma casa em Almada.

N'um pequeno jardim, que se espraiava até a beira dos rochedos penduradossobre o rio, vinham os grupos dos convidados descançar um pouco das polkas edas valsas, respirar, e relancear os olhos pelo delicioso panorama do Tejo, emcujas aguas traçava a lua como que uma estrada argentea. De quando em quandoenchia-se o jardim de risos, de segredinhos; a lua illuminava por entre asfolhas roupas alvejantes, que passavam fluctuando como o véo dos sylphos;depois pelas janellas{2} abertas da sala saía umabafagem de harmonia, proveniente dos primeiros compassos d'uns lanceiros, osgrupos dispersavam-se e engolphavam-se em turbilhão pelas portas de vidraças, eo jardim ficava de novo solitario, mas não silencioso; porque n'elle seescutava o rumorejar da brisa, o echo da musica do baile, e o murmurio do rioque gemia docemente e

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