OBRAS
DE
Antonio Feliciano de Castilho
Constando-me ter havido quem reimprimisseem França, sem licença minha, dois volumes deminhas Obras, e sendo isto sobre iniquidade,manifesto roubo, declaro que perseguirei em juizocom acção de furto, em quanto a nossa Leisobre imprensa não estabelecer outra propriapara taes casos, a quem quer que, sem minhaexpressa licença, reimprimir esta ou outra qualquerObra minha, ou impressas fóra as introduzire vender neste reino.
A. F. de Castilho.
POR
Antonio Feliciano de Castilho,
Bacharel Formado em Direito, Socio da Academiadas Sciencias de Lisboa, da SociedadeJuridica e da dos Amigos das Letras damesma Cidade, da Sociedade Literaria Portuense,do Instituto Historico de Paris, daAcademia Real das Sciencias e Bellas Letrasde Roão.
Mais correcta, emendada, e copiosissimamente accrescentada.
Lisboa.
Na Typografia de A.I.S de Bulhões.
Rua do Soccorro de Cima N.º 39. 1.º andar.
1837.
Bem será para alguns motivo de maravilha,e de riso para muitos, a declaração por ondeme agrada começar este Ante Prologo; e he, que oestou principiando, e querendo Deos o levareiao cabo, antes de conhecer a Obra para quevai feito. Quatorze annos, e não poucos d’ellesbem estirados, são hoje discorridos depois deimpressa, e por tanto segundo meu costumeaposentada e esquecida, a minha Primavera.N’estes quatorze annos, começados a contaraos vinte e dois da minha vida, não só se encerrou,e desvaneceo aquella melhor, maisflorída e derramada parte d’ella, que tantodiscrimina, e afasta o periodo seguinte do anterior,senão que ahi se desatou tão desfeito temporalde successos estranhos, de terrores ecalamidades publicas; tantas certezas saírãovãs, realisarão-se tantos impossiveis; por talarte se transtornou e renovou ora em bem oraem mal a face do nosso Portugal; tão fracas etenues reliquias de um passado, que ainda nósos moços alcançámos, subsistem já agora quernas pessoas, quer nas cousas e costumes