ESBOÇO BIOGRAPHICO

 

 

 

 

JULIO DINIZ

(JOAQUIM GUILHERME GOMES COELHO)


ESBOÇO BIOGRAPHICO

POR

ALBERTO PIMENTEL

 

 

 

 


 

 

 

 

PORTO
TYPOGRAPHIA DO JORNAL DO PORTO
RUA FERREIRA BORGES, 31

1872

{5}

 

ESBOÇO BIOGRAPHICO
DE
JULIO DINIZ


I

Ao cómoro do athleta, que cahiu fulminado pela morte, não deixarão d'ir, empiedosa romagem, com as flores da saudade, os que mais d'uma vez lhe viramlampejar as armas impollutas ao sol da gloria litteraria. É um dever e umdesafogo esta visita ao tumulo d'uma realeza que se extinguiu para os homens doseu tempo, mas que deixou após si um rasto luminoso no qual ha de reviveratravez das idades futuras. E tanto maior dever é, e tanto maior desafogo seafigura, quanto é certo que a litteratura portugueza, que parecia preparadapara longa vida depois da fecunda revolução do romantismo, está vendo rareardia a dia as suas fileiras, já porque a morte lh'as dizima, e já porque apolitica lhe vem roubar com mão sacrilega os mais denodados legionarios paralh'os amollentar na vida regalada dos encargos parlamentares e diplomaticos.

Cada vez se vão multiplicando as perdas e as deserções, e todavia não seenxerga ainda no oriente o primeiro alvor d'uma aurora de redempção, queprometta trazer novos apostolos e novos soldados, novos elementos de vida,n'uma palavra, para o futuro das lettras patrias. Vejamos se é isto verdade ouse não passa d'uma asserção gratuita.{6}

Percorramos, ainda que com o coração cheio de magua e os olhos marejados delagrimas, os fastos da litteratura moderna. A cada passo, ao folhearmos tãotriste necrologio, encontraremos uma pagina tarjada de lucto a recordar umtalento que se apagou. Para logo se nos deparam os nomes illustres de Lopes deMendonça, de Soares de Passos, de Coelho Lousada, de Faustino Xavier de Novaes,de José Freire de Serpa, de Arnaldo Gama, de Rebello da Silva, de Gomes Coelho,e de quantos outros que nos não lembram agora! As deserções são por igualnumerosas, mas, visto que escrevemos no Porto, contemol-as apenas intramuros e recordemos alguns litteratos que se secularisaram, José GomesMonteiro, Augusto Luso, Alexandre Braga, e muitos outros que se dariam já poraffrontados se rememorassemos a sua velha familiaridade com as musas. O mesmoaconteceu com o snr. Alexandre Herculano que, segundo parece, trocoudefinitivamente as lettras pela agricultura.

Este mesmo pensamento já o snr. visconde de Castilho o deixou apontado naConversação preambular que abre o D. Jayme: «Dos nossos poetas,diz elle, que tantos e tão viçosos pullularam sempre ao bafo benignissimod'estes ares, quantos apontamos hoje em dia? Morreram uns; envelheceram outros,que é peior maneira de morrer; outros secularisaram-se para os negocios; outrosdesertaram para a politica; não poucos succumbiram á epidemia da inercia, ejazem, sobreviventes a si mesmos, sobre os seus proprios nomes, como estatuassobre tumulos, armadas mas inertes.» Raros são pois os que, infatigaveis, seconservam ainda abroquelados para os mais galhardos torneios do pensamento,como que zombando da idade, que é enfermiça

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