Notas de transcrição:
O texto aqui transcrito, é uma cópia integral do livro impresso em 1904.
Foi mantida a grafia usada na edição original de 1904, tendo sido corrigidos apenas pequenos erros tipográficos que não alteram a leitura do texto, eque por isso não foram assinalados.
O ANNEL MYSTERIOSO
NOVA COLLECÇÃO PORTUGUEZA
II
O ANEL MYSTERIOSO
SCENAS DA GUERRA PENINSULAR
ROMANCE ORIGINAL DE
ALBERTO PIMENTEL
3.ª EDIÇÃO, ILLUSTRADA, REVISTA PELO AUCTOR
LISBOA
EMPREZA DA HISTORIA DE PORTUGAL
Sociedade Editora
LIVRARIA MODERNA
Rua Augusta, 95
TYPOGRAPHIA
45, Rua Ivens, 47
1904
Estas datas desculpam hoje, aos meus propriosolhos, tudo quanto ha de hesitante e incorrecto emtodas as trez novellas, que foram as primicias litterariasde um rapaz educado n'uma terra essencialmentecommercial, avessa a idealidades romanescase ao convivio e apreço de escriptores, bons ou simplesmentetoleraveis.
Pelo que especialmente respeita ao Annel mysterioso,se quando agora o reli me não descontentou aacção dramatica, achei-lhe comtudo algum excessode floração declamatoria, que é um defeito peculiara todos os estreantes.
A grande arte de escrever está na ponderada sobriedadeda expressão, no equilibrio estavel entre aphrase e o pensamento.
Fóra d'isto ha rhetoricos, mas não ha escriptores.
Se eu, no decorrer dos annos, consegui aproximar-med'este requisito essencial, não perdi de todoo meu tempo. Mas, ainda n'esse caso, é defensavel areimpressão de uma novella, que póde fornecer elementosde confronto entre duas épocas da vida deum escriptor.{6}
Como quer que seja, o Anel mysterioso agradouquando foi publicado em 1873. A breve trecho sahiua segunda edicção. E os mesmos editores me convidarama escrever logo em seguida outro romance,que foi A Porta do Paraizo.[1]
Ambos estes livros me abriram caminho entre opublico de Lisboa.
O exito da Porta do Paraizo explica-se facilmentepelo interesse que inspirava ainda então o reinadode D. Pedro V.
Quanto ao Annel mysterioso, que não é senão abiographia de uma celebridade das ruas do Porto,parece que foi o entrecho commovente que no espiritodos leitores lisbonenses suppriu a falta de conhecimentodirecto do protagonista.
Quando eu escrevia este romance, muitas pessoasd'aquella cidade se lembravam ainda de ter visto frequentesvezes o Desgraça.
Uma d'essas pessoas era Camillo Castello Branco,